domingo, 30 de outubro de 2011

Conceito de Educação


” A educação é um acto de amor, por isso, um acto de coragem. Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir a discussão criadores, sob pena de ser uma farsa. Como aprender a discutir e a debater com uma educação que se impõe?”
Paulo Freire (Educação como prática da liberdade)
(Forma de informar são duas autonomias diferentes)
“A educação tem como finalidade desenvolver no indivíduo toda a perfeição de que este é capaz.”
E. Kant
(atitude preceptora/empreendedora)
“A educação tem sobretudo como objectivo desenvolver a capacidade para as transformações e a adaptação a situações novas.”
Gaston Mialaret
(criatividade, altitude que os alunos têm perante algumas situações)
O aluno deve ser receptor, mas também ser algo mais do que isso, pode ser ideias. Sócrates deixava os seus alunos falar e só depois é que falava e comentava.
Mialaret

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Expressão dramática




Ao referirmo-nos à Expressão e Educação Dramática, temos que afirmar que esta área de expressão não se pode confundir com o teatro, na medida em que o jogo dramático não se baseia num texto prévio que embaraça muitas vezes a criança ou nalguns casos a paralisa. O jogo dramático é um exercício da criança para a própria criança e esse mesmo jogo esgota-se ao ser realizado.
Para confirmar o que referi , transcrevo algumas palavras de Marie Dienesch, citada no livro, A Criança e a Expressão Dramática, (1974, p.24): “Partindo de uma acção e não de um texto, a criança não corre o risco de cair nesta confusão fundamental: as palavras já não tomam para ela o lugar da acção, pois esta é apreendida antes da utilização de qualquer forma verbal. Além disso, levada a criar o seu próprio texto, quando se chega ao momento em que as palavras satisfazem uma necessidade interior, e só então, ela experimenta a verdadeira natureza da linguagem dramática, em que tudo o que possa ser indicado por um meio diferente da palavra não deve ser dito, e em que a palavra assume o seu valor insubstituível e soberano a fim de ser o ponto final de uma evolução interior, já contida na vida física do autor.”
Actualmente, o jogo dramático foi banido de algumas escolas, onde a festa de fim de ano é substituída por um passeio, por uma exposição de trabalhos dos alunos. No entanto, este tem que tomar o seu verdadeiro lugar na educação da criança.
A dramatização livre e espontânea dos contos de fadas e dos contos tradicionais desenvolvem na criança a criatividade e tornam-na mais comunicativa desenvolvendo, assim, a sua socialização. É, através do imaginário, do maravilhoso que a criança cresce afectivamente, ultrapassando, muitas vezes traumatismos que uma educação repressiva ajudou a criar.
 Freud afirmava que os processos de transformação do trabalho subjacente ao conto, são análogos aos do trabalho do sonho: dramatização, deslocamento, dissociação e representação por símbolos.
Também Carl Jung referia que os contos são um material discreto para as projecções necessárias a uma individualização correcta. Igualmente Gaston Bachelard considerou o maravilhoso como a matéria prima da imaginação: “é como a grelha mais rigorosa para a análise do real ao aperceber-se que a razão científica recorta as sua verdades na ordem dos sonhos e da consciência poética.”
O conto é um espaço de mediação entre o consciente e o inconsciente, entre o eu e o mundo.
A afirmação de L. Pereira é igualmente elucidativa: “o conto maravilhoso... respeita a interacção entre o homem e o cósmico para a formação de imagens, tendo em conta a homologia do psíquico, do cósmico, do social e do biológico, organizadas numa significação integrada. O conto ajuda o docente a encontrar o núcleo gerador da interdisciplinariedade. A sua compreensão leva-o à descoberta dos segredos da pedagogia: à motivação do espaço interdisciplinar.”
“O conto é um universalismo que denota a persistência de qualquer coisa de primordial, de irrefreado e de comum à totalidade dos homens.” (José Gomes Ferreira). Muito antes, já Teófilo Braga fazia a apologia do conto, no entanto as pretensões pedagógicas desnaturaram-no e ele perdeu a sua poesia espontânea, a sua singeleza popular e a sua beleza tradicional. A função ancestral do conto é por o vulgo a sonhar. A civilização destruiu muita dessa função.
A mensagem do conto de fadas é determinante na educação das crianças, mas também dos jovens. Essa mensagem, porventura a mais importante, é a de que a luta contra as dificuldades da vida é inevitável, mas se o homem se empenhar, com coragem e determinação, acabará por sair vencedor de todos os obstáculos. Desta maneira a mensagem não é moral, mas somente a de encarar a vida com confiança, com possibilidade de vencer de vencer as dificuldades que a todos se colocam. “A nossa herança cultural encontra expressão nos contos de fadas e através deles é comunicado às crianças.” (Bruno Betteheim).


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Expressão musical


O gosto pela música é natural nas crianças. Elas gostam de cantar e de ouvir música, como gostam de ouvir o ruído da água que corre da nascente ou o canto de uma ave. A música é uma linguagem universal, completa, porque puramente intuitiva, e talvez o modo de expressão por excelência da expontaneidade. I. Stravinsky afirmava: “Considero a música, pela sua essência, impotente para exprimir o que quer que seja: um sentimento, uma atitude, um estado psicológico, um fenómeno natural.” “Expressão de coisa nenhuma, sem dúvida, se não de uma emoção estética que é tudo, e que o criador transmite e partilha com o auditor. Que a mensagem seja desprovida de conteúdo preciso, o que conta é a transmissão de uma experiência vivida, de uma realidade inefável, a comunhão espiritual que daí resulta e o florescimento pessoal que ela favorece.” (Gloton & Clero, 1976, p.177).


De acordo com a opinião dos autores, acima referidos, o que realmente é importante é que a música transmite “uma experiência vivida, uma realidade inefável, a comunhão espiritual que daí resulta e o florescimento pessoal que ela favorece”.

Não é possível ignorar a importância da música na formação do homem, porque ela faz parte da essência do ser humano. Goethe escreveu: “quem não ama a música, não merece o nome de homem, quem gosta dela é metade de homem, quem a pratica é um homem completo...” . Apesar de considerar que há algum exagero nas afirmações de Goethe, as suas palavras mostram claramente a importância que a música tinha para ele. O que se pode afirmar é que o homem, através da música, pode exprimir os seus sentimentos e libertar muitas vezes emoções que o oprimem adquirindo uma estabilidade que é importante para a afirmação da sua própria identidade, na sociedade em que está inserido.

A educação musical deve começar na família e tem que ter continuidade no jardim de infância, no 1.º ciclo e nos restantes ciclos. A escola deve ensinar as crianças a cantarem bem, a amarem o canto e dar-lhes a possibilidade de distinguirem a boa música da má. A música é como uma segunda língua que permite exprimir os sentimentos, na medida em que há canções tristes e alegres.

O poder educativo da música traduz-se pelo apuramento do gosto musical, o que implica uma afinação rigorosa, uma boa pronúncia e um ritmo certo. No entanto a criança para interiorizar estes conhecimentos deve ter no seu professor um modelo a imitar e para que isso aconteça ele deve ter os conhecimentos necessários, na área da Expressão e Educação Musical.

 
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Adaptação das crianças ao Jardim de Infância



O Jardim de Infância é um momento e um tempo de socialização para a criança, que se diferencia daqueles que ela viveu até essa altura por acontecer num espaço novo, com muitas pessoas novas e longe das figuras parentais e/ou outras significativas.

Por este motivo, é importante que este momento decorra com a maior serenidade e afecto possíveis, mas também sem hesitações, para que a criança sinta esta nova etapa como uma situação segura e acolhedora – um caminho por onde se pode aventurar sem receio.

Se a mãe e o pai estão felizes por eu estar aqui é porque este é um sítio bom para eu estar. É claro que eu vou estrebuchar quando eles disserem que vão trabalhar e que mais logo voltam para me buscar. Eu gosto deles e quero que eles fiquem aqui enquanto eu brinco. Era bom eu poder explorar todo este mundo novo e eles aqui maravilhados a olhar para mim; e mais importante que isso, sempre a jeito para um abraçinho de apoio ou de protecção.

Mas chega um momento em que as crianças percebem que o mundo é algo mais que uma mera continuidade de si próprios e, nesta linha de ideias, têm de aprender que aquelas duas pessoas, para além de serem os pais que o adoram, são também duas pessoas com outras coisas suas para ser e fazer. Assim sendo…

Quando eu perceber que os meus pais, voltam sempre para me vir buscar, eu aprenderei que posso brincar e divertir-me descansado enquanto eles aqui não estão. Porque eles adoram sempre ver-me de novo. Porque me beijam e me abraçam. E, desta forma, eu estou a crescer certo do seu amor.

domingo, 2 de outubro de 2011

Áreas de Conteúdo no Jardim de Infância



1. área de formação pessoal e social

2. ÁREA DE EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO que inclui vários domínios: Domínio da Expressão Motora; Domínio da Expressão Dramática; Domínio da Expressão Plástica; Domínio da Expressão Musical; Domínio da Linguagem e abordagem à Escrita; Domínio da matemática

3. Área do Conhecimento do Mundo

1. Área de Formação Pessoal e Social

“A Formação Pessoal e Social é considerada uma área transversal, dado que todas as componentes curriculares deverão contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, capacitando-os para a resolução dos problemas da vida. Também a educação pré-escolar deve favorecer a formação da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário”.

2. Área de Expressão e Comunicação
 Esta área engloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simbólico que determinam a compreensão  e o progressivo domínio de diferentes formas de linguagem
Favorece o contacto com as várias formas de expressão e comunicação, proporcionando o prazer de realizar novas experiências, valorizando as descobertas das crianças.
  Esta área integra as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simbólico que por sua vez permitirão à criança apropriar-se das diferentes formas de linguagem. Engloba o domínio das expressões motora, dramática, plástica e musical, o domínio da linguagem oral e abordagem à escrita e o domínio da matemática.
    
Expressão Motora

“O corpo que a criança vai progressivamente dominando desde o crescimento e de cujas potencialidades vai tomando consciência, constitui o instrumento de relação com o mundo e o fundamenta de todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem.

A exploração de diferentes formas de movimento permite tomar consciência dos diferentes segmentos do corpo, das suas possibilidades e limitações, facilitando a progressiva interiorização do esquema corporal e também a tomada de consciência do corpo em relação ao exterior – esquerda, direita, em cima, em baixo, etc. É situando o seu próprio corpo que a criança aprende as relações no espaço relacionadas com a matemática”.

Expressão Dramática

“…é um meio de descoberta de si e do outro, de afirmação de si próprio em relação com o(s) outro(s) que corresponde a uma forma de se apropriar de situações sociais. Na interacção com outra ou outras crianças, em actividades de jogo simbólico, os diferentes parceiros tomam consciência das suas reacções, do seu poder sobre a realidade, criando situações de comunicação verbal e não verbal.
…permitindo às crianças recrear experiências da vida quotidiana, situações imaginárias, etc.”.
 “…é um meio de descoberta de si e do outro, de afirmação de si próprio em relação com o(s) outro(s) que corresponde a uma forma de se apropriar de situações sociais. Na interacção com outra ou outras crianças, em actividades de jogo simbólico, os diferentes parceiros tomam consciência das suas reacções, do seu poder sobre a realidade, criando situações de comunicação verbal e não verbal.
…permitindo às crianças recrear experiências da vida quotidiana, situações imaginárias, etc.”

Expressão Plástica

“…possibilita à criança mais uma forma de descoberta e comunicação diferentes de outras.
…constitui uma forma de linguagem.
A criança através da expressão plástica exprime o que não pode confiar à expressão verbal”. 
   “A criança, como artista, Não copia traços ou formas, tonalidades ou sombras; a criança dá ao que vê a sua interpretação.
   Há que deixá-la crescer e afirmar-se para que se sinta que é ela própria única autora da sua obra…”
       “A criança, como artista, Não copia traços ou formas, tonalidades ou sombras; a criança dá ao que vê a sua interpretação.
   Há que deixá-la crescer e afirmar-se para que se sinta que é ela própria única autora da sua obra…”

Expressão Musical

“Assenta num trabalho de exploração de sons e ritmos, que a criança produz e explora espontaneamente e que vai aprendendo a identificar e a produzir com base num trabalho sobre os diversos aspectos que caracterizam os sons: intensidade, altura, timbre, duração, etc”.
   “A música baseia-se no som e o som é algo que nos rodeia, que nos influencia desde muito cedo”.
  “ Cantando, tocando ou quaisquer que sejam as outras formas que ela utilize, ela está a comunicar, a desenvolver a sua capacidade criativa, a desenvolver o seu sentido rítmico e auditivo, ela está a ter prazer”.

Domínio da Linguagem e abordagem à Escrita

“Não há hoje em dia crianças que não contactem com o código escrito e que por isso, ao entrar para a Educação pré-escolar não tenha já algumas ideias sobre a escrita.
Pretende-se acentuar a importância de tirar partido do que a criança já sabe, permitindo-lhe contactar com as diferentes funções do código escrito. Não se trata de uma introdução formal e clássica à leitura e escrita, mas de facilitar a emergência da linguagem escrita”.
   “Se o Jardim quer favorecer a expressão da criança com base na comunicação: É cada criança que o educador terá de conhecer. O seu falar individual. O falar da comunidade a que ela pertence”.
   
Domínio da Matemática

“É a partir da consciência da sua posição e deslocação no espaço, bem como da relação e manipulação de objectos que ocupam e espaço, que a criança pode aprender o que está longe e perto, dentro, fora e entre, aberto e fechado, em cima e em baixo… permite-lhe ainda reconhecer e representar diferentes formas… começa a encontrar princípios lógicos que lhe permite classificar objectos, coisas e acontecimentos. Todos estes jogos são um recurso para a criança se relacionar com o espaço e que poderão fundamentar aprendizagens matemáticas”.


3. Área do Conhecimento do Mundo

“Os seres humanos desenvolvem-se e aprendem em interacção com o mundo que os rodeia.
A curiosidade natural das crianças e o seu desejo de saber é a manifestação da busca de compreender e dar sentido ao mundo que é próprio do ser humano e que origina as formas mais elaboradas do pensamento, o desenvolvimento das ciências, das técnicas e também das artes”.

“O tratamento desta área não visa promover um saber enciclopédico, mas proporcionar aprendizagens pertinentes com significado para as crianças que podem não estar obrigatoriamente relacionadas com a experiência imediata. Mesmo que a criança não domine inteiramente os conteúdos, a introdução a diferentes domínios científicos cria uma sensibilização que desperta a curiosidade e o desejo de aprender.
 O que parece essencial neste domínio, quaisquer que sejam os assuntos abordados e o seu desenvolvimento são os aspectos que se relacionam com os processos de aprender: a capacidade de observar, o desejo de experimentar, a curiosidade de saber, a atitude crítica.”


   Ministério da Educação, Orientações curriculares para a Educação Pré-escolar.
 M.E, Perspectivas de educação em Jardins de Infância