METODOLOGIAS




PROJECTO EDUCATIVO

“ Por Projecto Educativo podemos entender todo o conjunto de procedimentos, patentes ou latentes, que todos os intervenientes nas instituições implicadas no mesmo se propõem realizar com vista à consecução das finalidades educativas por eles previamente definidas”. (Anabella Rolla e Jorge Silva Rolla, 1994).
O projecto Educativo é um documento de carácter pedagógico, elaborado com a participação da comunidade educativa, comunidade esta de que fazem parte todas as pessoas que, directa ou indirectamente, influenciam a educação das crianças por ele abrangidas. É um projecto global que tem em conta todos os procedimentos devidamente fundamentados e deve implicar todos os intervenientes (crianças, famílias, comunidade, pessoal docente e não docente…9. Elaborado de forma explicita, definindo claramente as linhas básicas/princípios orientadores que o inspiram, o projecto situa-se entre o ideário e o regulamento, devendo referir os objectivos mais concretos da sua aplicação e ainda aspectos gerais de organização, desenho curricular, calendário escolar, tendo em conta o contexto em que está inserido, os recursos disponíveis - quer humanos quer materiais -, e quaisquer outras informações relevantes para caracterizar a instituição em questão.
Embora não haja uma estrutura formal para a sua elaboração, existem algumas linhas orientadoras que nos podem guiar neste processo.
Enquanto documento escrito, o Projecto Educativo, pelas suas exigências, não pode dispensar a caracterização do meio e da instituição.”Não há projecto se não houver articulação e coerência entre estas duas realidades” (Alexandre Fialho, Ana Ferro e Sandra Santos, 1998).
Sendo um projecto global, e tendo sempre como base os grandes objectivos das orientações Curriculares, os objectivos também devem ser contemplados de forma geral, definindo as metas que se pretendem atingir de acordo com as avaliações feitas no inicio e ao longo do tempo.
De estrutura flexível, compete a cada equipa, a cada comunidade, definir quais os elementos que o “seu” projecto deve definir. Desde as rotinas, actividades extracurriculares, plano de formação, reuniões de pais… todos elementos importantes, dependentes, no entanto, das características de cada escola, de cada grupo e de cada um de nós.
Sendo a reflexão um factor imprescindível para a elaboração e reformulação de qualquer projecto, também ela deve ser a base de realização do projecto educativo e da sua avaliação. Ao implicar todos os intervenientes, a sua elaboração constitui por si só um poderoso instrumento de auxílio a uma acção pedagógica lúcida, consensual e reflectida, capaz de favorecer o atingir das finalidades que uma educação consciente e equilibrada, naturalmente exige. Deve, portanto, ser realista, facilitador da acção educativa comum e beneficiar de uma divulgação generalizada entre todos os elementos implicados no mesmo.

PROJECTO CURRICULAR DE ESCOLA E PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES


Antes de iniciar a minha reflexão sobre dois dos documentos que regem a nossa acção docente, saliento que não há “modelos” para quaisquer destes documentos; há sim, linhas orientadoras e espaço para que a reflexão de cada educador, de cada equipa, formas próprias de ser, de estar e de trabalhar, de gerir as normas institucionais e as tradições de cada localidade, leve a uma adequação das orientações e legislação existentes a cada contexto educativo específico.
O Projecto Curricular de Escola, embora seja essencial em termos de organização e de planificação da actividade educativa, é normalmente elaborado pelas instituições que fazem parte de um agrupamento de escolas, uma vez que tem elementos comuns ao projecto Educativo – e não faria sentido elaborar documentos idênticos. A forma particular com que cada contexto gere e reconstrói o currículo, adequando-o à situação real em que se encontra cada uma das escolas e aos alunos concretos de cada uma, justifica, no entanto, a elaboração deste documento como forma de promover a consecução das aprendizagens que o integram.
De um modo geral, podemos definir o Projecto Curricular de Escola como um “conjunto de decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma escola, tendentes a dotar de maior coerência a sua acção, concretizando as Orientações Curriculares de âmbito nacional em propostas globais de intervenção pedagógico-didactica adequadas a um contexto específico” (Cármen e Zabalza, 1991).
Baseando-me nas palavras de Graça Cardoso, este projecto deve reflectir o conjunto de intenções definido pela equipa e respectivas estratégias para as concretizar. Encarado como um “Projecto aberto, susceptível de reformulações ao longo do ano lectivo”, deve incluir na sua estrutura todas as informações que o caracterizem e que o possam condicionar ou justificar posteriores alterações.

O Plano Anual de Actividades, também decorrente do Projecto Educativo, deve espelhar a dinâmica de cada escola, contemplando propostas para a satisfação de anseios, necessidades e projectos específicos do interesse de todos ou da maioria dos utentes. Mais do que um simples calendário de actividades em que se definem, no inicio do ano, as comemorações e as festas, o Plano Anual de Actividades deve caracterizar, passo a passo, e para cada uma das estratégias definidas, os seguintes procedimentos:
·         Objectivos (com referencia aos Projectos Educativo, Curricular de Escola e Curriculares de Turma/ Sala);
·         Actividades a promover;
·         Recursos Humanos e responsáveis pela dinamização das referidas actividades;
·         Previsão dos recursos materiais e financeiros;
·         Calendarização das actividades;
·         Avaliação dos resultados obtidos.
Este documento deve ser avaliado periodicamente – avaliação trimestral e, no final do ano lectivo, a avaliação final. Na sequência dos vários momentos de avaliação, pode sofrer alterações e reformulações que devem também ser integradas no documento.



PLANO CURRICULAR DE TURMA

 
O Plano Curricular de Turma tem como principal objectivo adequar o currículo definido para a escola ao contexto de cada turma, operacionalizando as estratégias educativas mais adequadas às características de cada Turma, de modo a dar resposta às especificidades dos Alunos.

 O Projecto Curricular de Turma integra:
1. Caracterização da Turma / Alunos tendo em conta:
·      a situação socioeconómica e cultural;
·      o nível etário;
·      os interesses, motivações e expectativas dos Alunos;
·      o passado escolar;
·      a situação familiar;
·      o envolvimento da Família na Vida Escolar;
·      casos problema.
2. Identificação de problemas e definição de prioridades de actuação
3. Definição de uma Estratégia Educativa Global para a Turma:
·      linhas orientadoras:
·      comportamento, atitudes e valores;
·      conhecimentos, destrezas e competências
·      metodologias de ensino mais adequadas à turma
·      individualização do processo ensino/aprendizagem;
·      utilização de instrumentos de avaliação adequados às metodologias e estratégias adoptadas;
·      aferição dos critérios de avaliação utilizados
4. Competências e Aprendizagens:
5. Avaliação do Projecto:
·      avaliação periódica para reformulação, se necessário;
·      avaliação no final do ano.
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Conceitos de Projecto

@ “É um daqueles conceitos cuja história é marcada pela apropriação que dele foram progressivamente fazendo várias áreas do conhecimento, de tal forma que hoje se torna difícil precisar a sua identidade conceptual e semântica (Costa, 1997:17).”
(Mendonça, 2002)
@ “A palavra projecto, ligada à previsão de algo, tem diversas acepções que correspondem a graus diferentes dessa previsão. Requer uma intenção, o que implica ter um plano; este termo, em arquitectura, requer uma representação clara do que se pretende realizar… acompanhada de uma previsão de recursos (Silva, 1998:10).”
(Mendonça, 2002)

            @ “O projecto está associado à capacidade de um ou vários sujeitos encontrarem o sentido da sua existência e das suas acções (Kaddouri, 1996). Todo o ser humano pode ser autor e actor da sua vida.”
(Mendonça, 2002)

@ “A ideia fulcral do projecto está em que cada um se pode apropriar da sua aprendizagem e desenvolvimento como um ser autónomo, livre e solidário, gerindo as influências de acordo com o contexto, consigo próprio e os intervenientes.”
(Mendonça, 2002)
Assim:

» Um projecto… é um processo consciente.   
» Concretiza-se pela identificação de uma tensão diferencial.
»Situa-se entre o que se deseja e o que se faz… 
   … Possuindo, por isso, uma finalidade.
»Prevê um certo número de meios…
… Para atingir essa finalidade.  
»Precisa-se sob a forma de um plano…
… De actividades sucessivas e significativas.
» Integra um produto que é avaliado.

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AVALIAÇÃO NO PRÉ-ESCOLAR

“A intencionalidade do processo educativo que caracteriza a intervenção profissional do educador passa por diferentes etapas interligadas que se vão sucedendo e aprofundando, o que pressupõe: observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular.”

Despacho Nº 5220/97 (2ª Série) de 10 de Julho) 


A avaliação na Educação Pré-Escolar, deve ser entendida como um meio de recolha de informação, indispensável em todo o processo ensino/aprendizagem, feita de uma forma sistemática e contínua, não contendo juízos de valor, mas sim uma informação que permita reformular o respectivo processo ensino/aprendizagem.


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O que é um PORTEFÓLIO?

É uma colecção organizada e devidamente planeada de trabalhos produzidos por uma criança ao longo de um determinado percurso temporal de modo a poder proporcionar uma visão tão alargada e pormenorizada quanto possível do seu desenvolvimento.
As evidências de aprendizagem a incluir podem ser de natureza diversa e devem reflectir as áreas de conteúdo. Convém realçar que um portefólio não é um mero repositório de trabalhos "organizados" num dossier ou numa caixa de arquivo.  Esta técnica pode-se traduzir numa avaliação contínua mais autêntica, objectiva e compreensiva, pois permite acompanhar processos e descobrir competências não reveladas nas tradicionais formas de avaliação.


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EDUCAÇÃO... HOJE

“Pensar Educação é repensá-la num outro contexto, com uma nova filosofia, com novos conceitos e novos paradigmas, porque a vida humana que ela pressupõe é movimento para o futuro”
    Maria Teresa Ambrósio


Assim, a construção da qualidade na educação, é hoje um desafio acrescido, complexo, de difícil avaliação e cujo sucesso depende de um conjunto variado de condicionantes. No entanto, é imprescindível que, neste processo, se assuma a importância formativa e desenvolvimental dos anos da infância e se considere a criança um participante activo na construção da qualidade, com direito a ser ouvida, observada e a encontrar resposta às suas expectativas e interesses (Oliveira – Formosinho, 2001).


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Projecto

A palavra projecto deriva do latim “projectu” que significa lançado, relacionando-se com o verbo latino “projectare” que se poderá traduzir por lançar para diante. A partir desta raiz latina, a palavra projecto pode ter vários sentidos: ‘plano para a realização de um acto; desígnio, tenção; redacção provisória de uma medida qualquer; esboço. 
   
   Dicionário da Língua Portuguesa


Em qualquer circunstância, podemos referir que “projecto” encerra um conceito
ligado à previsão de algo a que queremos dar forma. No entanto, tal como os vários sentidos da termo, também o seu conteúdo pode ser alvo de confusões e indefinições.
A elaboração de qualquer projecto pressupõe um processo que tem como referências um ponto de partida (situação que se pretende modificar), um ponto de chegada (uma ideia do que se pretende modificar) e a previsão do processo de “construção” (o”como” fazer) A realização de um projecto exige, na escola como na vida pessoal ou social, que este se precise através da elaboração de planos que estabelecem quem faz o quê, quando e quais os recursos necessários. O plano de um projecto deverá prever a quem são os intervenientes, como se organizam, as estratégias de acção a desenvolver, os recursos necessários, bem como as actividades que permitam concretizar o projecto. Dado que o projecto se centra no desenvolvimento de um processo, existem três características que o distinguem de um plano, a ver:
Flexibilidade – o projecto vai-se concretizando através de uma evolução que pode não ser inteiramente prevista. A sua flexibilidade permite a sua adaptação e adequação constante;
Contexto específico de desenvolvimento – o sentido de um projecto decorre do
contexto específico em que se desenvolve. O projecto tem uma dimensão temporal que articula passado, presente e futuro, num processo evolutivo que se vai construindo;
Empenhamento do grupo – porque corresponde a um desejo, intenção ou interesse, o projecto é alvo de uma carga emotiva (empenhamento e compromisso do grupo) que o distingue da mera realização do plano.


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Modelos Curriculares


Movimento da Escola Moderna


O movimento da escola moderna é um modelo pedagógico que assenta numa prática democrática da gestão das actividades, dos materiais, do tempo e do espaço e pretende, através da acção dos educadores que dele fazem parte, proporcionar uma vivência democrática e um desenvolvimento pessoal e social das crianças, garantindo a sua participação na gestão da vida da sala e da escola. Esta gestão é apoiada por instrumentos de pilotagem, registo e avaliação, tais como: mapa de presenças, mapa de actividades, mapa de tarefas, comunicações, plano semanal, lista de projectos e o diário de parede. Este último é um instrumento mediador e operador da regulação social do grupo e interactiva que uma educação cooperada ou democrática pressupõe. No diário escrevem-se as ocorrências negativas e positivas do grupo, o não gostei e o que gostei, que queremos fazer e o que fizemos. No final da semana o diário é lido, conversado e reflectido em grupo e a partir daqui constroem-se por exemplo as regras de convivência. No dia-a-dia da sala, temos momentos de reunião, adultos e crianças, à volta da mesa em que planeamos o trabalho a ser realizado, em que partilhamos saberes, em que avaliamos trabalhos, tarefas e atitudes, em que comunicamos descobertas e aprendizagens.
O espaço educativo está organizado por zonas de trabalho de modo a permitir que as crianças realizem actividades previamente escolhidas e por uma área polivalente para trabalho colectivo. A escolha e realização das actividades pressupõem um compromisso e uma responsabilização por parte delas. Os materiais encontram-se ao alcance e à sua disposição para que elas possam estar nas zonas de trabalho sozinhas, em pares ou em pequeno grupo. Todo o espaço da sala é enriquecedor com as produções das crianças que retratam e dão sentido à vida do grupo, apoiam as aprendizagens, sugerem e provocam projectos. Um dos pontos importantes deste modelo pedagógico é que é uma aprendizagem curricular feita essencialmente através de Projectos. Estes projectos podem ser de produção: “queremos fazer”, de pesquisa: “queremos saber” ou de intervenção:”queremos mudar”. O ponto de partida de um projecto deverá ser os interesses das crianças e as interrogações por elas levantadas. Deste modo pretende-se que as aprendizagens conseguidas sejam significativas e pertinentes. Estas aprendizagens realizam-se duas a duas ou em pequenos grupos. Assim, adquirem hábitos de questionamento e intervenção de uma forma activa, problematizando a realidade: “porque não podemos gastar muita água”, “como é que a água chega às nossas casas?”.
Do desenvolvimento do projecto faz parte a consulta de livros e outras fontes de pesquisa, execução das actividades, conversa e reflexão entre os membros do grupo de trabalho. A família tem um papel importante na concepção de um projecto, pois é com certeza um dos recursos de informação.
Um dos princípios estratégicos da intervenção educativa do MEM é a partilha de saberes e de produções culturais das crianças através de “Comunicações” como uma validação social do trabalho de produção e de aprendizagem. Isto quer dizer que sempre que um projecto termina existe um momento de comunicação ao grande grupo, e de seguida, um momento de reflexão de grande grupo sobre “o que é que nós aprendemos com este projecto”.
As comunicações permitem que a criança organize mentalmente as suas aprendizagens, de forma a preparar o seu discurso oral para comunicar.

Em: Educação de Infância




Contexto educativo: origem e fundamentos teóricos
do modelo curricular “Reggio Emília”

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, em 1945, na localidade de Villa Cella, próxima de Reggio Emília, surge a ideia, por parte dos cidadãos, de se construir uma escola direccionada às crianças mais pequenas. Esta iniciativa pôde contar com a participação das famílias, principalmente as mães, que demonstraram grande interesse em colaborar.

Como ponto de partida, foi utilizado um terreno doado por um fazendeiro. De seguida, com o objectivo de reunir fundos para a construção da escola, foram vendidos os tanques de guerra e os cavalos que tinham sido deixados para trás após o fim da guerra, embora o valor reunido não tivesse sido suficiente para tal obra.

Para colmatar a falta de dinheiro, foram aproveitados os destroços de casas bombardeadas, tais como os tijolos e as vigas, para a construção da escola. Aproveitou-se também a areia do rio e a mão – de – obra proporcionada pelos sobreviventes da guerra, que trabalhavam noite e dia na construção da escola.

O grupo de cidadãos aqui envolvidos teve como principal objectivo proporcionar um outro tipo de oportunidades às crianças que levassem a que estes tivessem mais sucesso escolar (Formosinho, 2007,p.95).

Neste modelo curricular, o trabalho é realizado de uma forma colaborativa entre os pais, os cidadãos e os professores que leccionam nas escolas.

Loris Malaguzzi, ao observar o trabalho efectuado, ficou de tal maneira surpreendido que acabou por se envolver no movimento de cooperação e colaboração que unia os elementos desta comunidade. Foi com a orientação de Malaguzzi que, posteriormente, se organizou um trabalho de equipa de compreensão e conhecimento das crianças, das suas necessidades e dos seus interesses, tendo sido este o ponto de partida para o desenvolvimento educacional de Reggio Emília.

Durante este período em que se resolviam questões conceptuais, os professores enfrentam sérios problemas de pobreza. Para além dos problemas de casa que foram surgindo outros relacionados com as dificuldades de comunicação entre professor e alunos, que se devia em parte ao dialecto regional que se encontrava fortemente inculcado na cultura das crianças. Para tentar resolver este problema, foi pedida a ajuda dos pais das crianças que, em conjunto com os professores, uniram esforços e conseguiram ultrapassar (Formosinho, 2007, p.95).

Com efeito, este tipo de trabalho de grupo é um dos pilares do modelo de Reggio Emília, pois existe um sentimento e uma vivência de comunidade educativa onde todos (crianças, professores e famílias) têm algo a ensinar e algo a aprender.

Em 1963, surgiu a primeira escola municipal, tendo acabado com um certo “domínio” que as instituições privadas católicas tinham sobre a educação de infância em Itália.

Foi pelo facto de se tornar necessário dar a conhecer o trabalho realizado nestas escolas que, uma vez por semana, estas eram transportadas para a praça da cidade. Crianças, professores e instrumentos de trabalho eram levados para vários pontos da cidade com o objectivo de se realizarem actividades que todos pudessem ver, de modo a ser justificado o investimento feito pelo município na educação das crianças pequenas. Este investimento tem acompanhado o desenvolvimento da experiência educacional de Reggio Emília, constituindo uma das características deste modelo pedagógico que ainda hoje subsiste mostrando hoje um grande sucesso a nível europeu.

Este modelo curricular assenta sobre a construção da imagem da criança, que aqui é encarada como sendo um sujeito com direitos, competente, um aprendiz activo que está continuamente a construir e testar teorias sobre si próprio e o mundo que o rodeia. No entanto, esta mesma imagem está constantemente a ser reconstruída, assim como as implicações desta para as práticas educacionais, pois serve de orientação às pesquisas e às investigações teóricas e práticas que a equipa educacional tem desenvolvido desde a fundação deste modelo até à actualidade. (Formosinho, 2007, p.99).

Loris Malaguzzi (e os seus seguidores) foram orientados por uma procura de informação e formação incessante, o que fundamenta e molda a pedagogia praticada nestas escolas. Assim sendo, são inúmeras as influências teóricas e as referências culturais que suportam o modelo pedagógico de Reggio Emília. (p.99)

As diferentes teorias e escolas de pensamento eram lidas e interpretadas criticamente por Malaguzzi e a sua equipa, que pretendiam adaptar e contextualizar as ideias e premissas que se enquadravam melhor na filosofia educacional, nas crenças e nos valores que preconizavam.

As principais influências que suportavam o desenvolvimento do modelo curricular de Reggio Emília foram: nos anos 50, estavam incluídos os nomes de Rousseau, Locke, Pestalozzi, Froebel, a escola activa de Bovet e Ferrière e a escola de Chicago de Dewey. (Formosinho, 2007,p.99)

Com a chegada dos anos 60, surge em Itália uma nova consciência acerca da educação de infância que passa a ser reivindicada como sendo um serviço social. Nesta década, foram notórias as influências das teorias de Dewey, Claparède, Decroly, Freinet, Wallon, Dalton, Erikson, Piaget, Vygotsky e de Bronfenbrenner. (Formosinho, 2007, p.99)

O início de uma fase experimental é marcado pelo recurso a pesquisas e estudos de várias teorias psicológicas fora do país. A comprovar este mesmo recurso está a visita de Malaguzzi ao Instituto Rousseau e à École des Petits de Piaget, em Genebra. Estas mesmas visitas provocaram uma transformação no que diz respeito ao trabalho de equipa dos professores, que preferiram exercer um trabalho com conceitos matemáticos, tais como os números, e as percepções. Estas experiências lógicas – matemáticas realizam-se diariamente ao jogar, negociar, pensar e falar com as crianças.

Quanto às teorias de Piaget (e mais precisamente, a epistemologia genética) no desenvolvimento da experiência de Reggio Emília, desempenharam o seu papel na medida em que, à semelhança de Piaget, em Reggio Emília crê-se que a criança tem um papel activo na construção do conhecimento do mundo, que não são estáticos e permitem, na sua maior parte, a aquisição de novos conhecimentos através de acções que necessitam de planeamento, coordenação de ideias e abstraccionismo. No entanto, estas teorias também foram criticadas, sendo as criticas direccionadas à forma como o desenvolvimento cognitivo, afectivo e moral são tratadas separadamente, ao grau de importância que é dado às estruturas dos estádios de desenvolvimento, à pouca valorização do papel do adulto no processo de aprendizagem, ao distanciamento entre pensamento e linguagem, à importância dada ao pensamento lógico – matemático e também ao uso excessivo de paradigmas das ciências biológicas e físicas. (Formosinho, 2007, p.100)

Outra das influências sentidas no modelo de Reggio Emília foi a de Vygotsky. Este defendeu que o adulto desempenha um papel muito importante ao ajudar as crianças a usar o nível máximo das suas capacidades, atingindo níveis de desenvolvimento que, nesse momento, não seria capaz de atingir pelos próprios meios.

Na década de 70, fizeram-se sentir as influências de teóricos como Wilfred Carr, David Shaffer, Keneth Kaye, Jerome Kagan, Howard Gardner, Serge Moscovici, Charles Morris, entre outros. No entanto, as mudanças despoletadas por estas influências só se tornaram possíveis com o auxílio de vários debates e reflexões com outros profissionais da educação de infância, de diversas nacionalidades. O contacto com as várias teorias e propostas pedagógicas, filosóficas, sociais, artísticas e políticas suportou o desenvolvimento da experiência educacional de Reggio Emília, o que fez com que esta adquirisse especificidade e unicidade, reconhecidas na comunidade científica internacional. Esta unicidade prende-se com o papel da dimensão estética, transversal à pedagogia praticada em escolas com este tipo de abordagem.

Essa dimensão estética é notória através do cuidado na construção do ambiente, como por exemplo, no mobiliário, nos objectos e materiais, nos locais onde se realizam actividades, na inclusão do atelier como sendo um espaço que permite o desenvolvimento de múltiplas formas de expressão – “as cem linguagens”, na escuta atenta das crianças, na documentação pedagógica de processos e produtos das experiências utilizadas para a aprendizagem – nos espaços mais direccionados para a introspecção, que ultrapassam a função da visibilidade e também no conhecimento adquirido, ligado à “pedagogia das relações”.

Malaguzzi salientou a relevância da estética do conhecimento no processo de ensino e aprendizagem deste modelo curricular, pois, ao serem feitas coisas que nos agradam e que também agradam aos outros, somos tomados por um estado de espírito denominado por vibração estética, que nos leva “a melhorar as construções da nossa sensibilidade interpretativa e criativa, a descobrir os valores e os efeitos do prazer que suscitam em nós e nos outros: um “atrevimento” para seduzir e serem seduzidos” (Malaguzzi (2001) citado em Formosinho, 2007, p. 101).

O grande desafio que se colocou á escola e à educação foi a procura de meios para apoiar as crianças na vivência da sedução estética. Foi este o desafio que guiou Malaguzzi e a sua equipa, ultrapassando assim as dimensões pedagógicas desta abordagem para a educação de infância.

in: Modelos Curriculares para a Educação de Infância


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Metodologias


Metodologia é o estudo dos métodos. Ou então as etapas a seguir num determinado processo. Tem como finalidade captar e analisar as características dos vários métodos disponíveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os pressupostos ou as implicações de sua utilização. Além de ser uma disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também considerada uma forma de conduzir a pesquisa ou um conjunto de regras para ensino de ciência.




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John Comenius




John Comenius (ou Jan Komensky, 1592-1670) foi um reformador checo educacional e líder religioso. Ele nasceu na Morávia (hoje parte da República Checa), e educado na Universidade de Heidelberg. In 1638 he was invited by Sweden to assist in educational reforms. Em 1638 foi convidado pela Suécia para ajudar nas reformas educacionais.

Em meados do século 17, John Comenius criou uma nova filosofia educacional chamado Pansophism, ou o conhecimento universal, concebido para trazer compreensão e paz mundial. Ele aconselhou os professores a usar os sentidos da criança "em vez de memorização na instrução em ambos os seus nomes em latim e vernáculo

Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e preconizou a criação de escolas maternais, pois teriam, desde cedo, a oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam aprofundar mais tarde.

A educação deveria começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas por meio dos objectos seriam internalizadas e, mais tarde,


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Didáctica


A didáctica é uma disciplina técnica e que tem como objecto específico a técnica de ensino (direcção técnica da aprendizagem). A Didáctica, portanto, estuda a técnica de ensino em todos os aspectos práticos e operacionais, podendo ser definida como:

“A técnica de estimular, dirigir e encaminhar, 
no decurso da aprendizagem, a formação do homem”.
    (AGUAYO)